quinta-feira, 11 de março de 2010

Artigo - Mortes em Guarujá - “Caso de polícia”

Sempre é difícil para nós, cristãos, entrarmos no debate sobre a morte. Qualquer que seja o motivo ou desculpa, qualquer seja a classe social ou profissão de fé, sempre fica a marca indelével da dor, especialmente quando se inverte a lógica da natureza e os pais se vêem chorando seus filhos.
Em Guarujá, a morte virou “caso de policia”, vez que foi instaurado inquérito na Delegacia Sede para apurar 87 óbitos em curto espaço de tempo, vitimas supostamente em sua maioria pela dengue, revelando um caso de falência total da saúde na gestão da Prefeita Antonieta. As autoridades policiais enxergam possibilidade de crime, pois não fosse isto não abririam inquérito policial.

Essa tragédia anunciada é filha da incompetência, da falta de gestão, da negligência da Prefeita e de seus secretários de saúde, vez que as pessoas sequer têm direito ao atendimento decente nos postos de saúde, locais com rotineiras brigas e desavenças, inclusive com agressões aos profissionais da imprensa que, por ofício, devem mostrar o sofrimento de nosso povo.
A Prefeita continua, ou encastelada, ou passeando de Jet Ski pelas praias, na passarela do samba ou nos camarotes do Santos e Corinthians, como uma avestruz que meteu a cabeça na areia para não assistir a opera bufa produzida por seu desgoverno. Ignora ou finge ignorar a revolta coletiva, o sofrimento daqueles que recebem aplicação de soro, sentados nas muretas, nas cadeiras duras ou no próprio chão.

A cada dia, a cada hora: um novo caso. Milhares de exames são feitos a cada dia, fora aqueles que, já descrentes em absoluto, cuidam dos seus nas próprias casas. A administração alardeia a contratação de médicos, de enfermeiros, mas nada basta, pois não se ataca a causa. Não se fala de ter apenas pouco mais de meia centena de agentes para uma cidade de quase cento e quarenta quilômetros quadrados. Não tem competência nem coragem para decretar emergência e convocar médicos particulares, para contratar emergencialmente ou usar a frente de trabalho no combate ao mosquito, chamar o Exército, a Aeronáutica, os clubes de servir. Não. Faz pior. Busca culpar o passado, a Câmara. Daqui a pouco dirá que o mosquito é de oposição.

È trágico, para não dizer criminoso, o que estão fazendo com a saúde em Guarujá. O Hospital Ana Parteira está fechado há um ano e lá há mais de cinqüenta leitos com as camas arrumadas, enquanto o povo está deitando no chão. Isso é insanidade, incompetência, crime mesmo. Isso humilha e envergonha, ao menos os que ainda têm esse senso, o que a administração perdeu faz tempo.

Luiz Carlos Romazzini

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