quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Artigo - Feriados e velórios

Diz a lenda que quatro genros levavam “tristemente” o caixão da querida sogra para o destino final, mas sempre há pedras no caminho, como dizia Drumond. No caso dos tristes genros, havia uma velha figueira que, ao passar por baixo da mesma, eis que os da frente tropeçaram numa raiz da frondosa árvore e o caixão estatelou-se ao chão e dele levantou-se a velha, que não havia morrido e sim, sofrido um ataque de catalepsia. De sorte, que todas as lágrimas vertidas pelas filhas agora eram alegria total e quem vertia lágrimas de “sinceras” felicidades, agora, eram os genros.

Eis que passados alguns meses, novamente a velha caiu dura. Novamente choros e reencontros de familiares e um novo féretro que, ao aproximar-se da velha figueira, em uníssono grito dos carregadores do caixão: Cuidado com a raiz! Ponto final e lá foi a velha para a catacumba, com direito a laje de concreto e tudo mais.

Trazendo para a política, o primeiro velório de Serra deu-se em 2002, levado ao destino final por FHC, Alckmin, Aécio e Jereissati. Tropeçou na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2004 e, pronto, levantou-se Serra e daí ao Governo de São Paulo e a mais uma disputa presidencial foi um passo. Obviamente, foram passos sobre as cabeças de Aécio, Alckmin, FHC e outros, que “suaram” a camisa neste segundo turno. FHC chegou a caminhar setecentos metros e a sola do sapato soltou-se, numa combinação que jamais eu havia visto. E olha que nisto os tucanos são bons. Desde o desmaio ensaiado de Ruth Escobar na Assembléia, mas esta sola de sapato simboliza muito mais.

Neste atual velório, e nada a ver com o Dia de Finados, pois sempre será assim, dada a lógica do calendário, sempre o segundo turno será próximo a esta data nada alegre, mas, com certeza, ao ver o “sofrimento” do Alckmin no discurso de derrota de Serra e a amnésia deste, para com Aécio e FHC, suspeito que o defunto pode estar tendo uma segunda catalepsia. Só resta saber se a raiz da figueira será novamente a disputa pela Prefeitura de São Paulo.

É sabido que Jose Serra, na infância, não brincava de esconde-esconde, pois desde lá se achava. Imagine agora, depois de tantas disputas e cargos ocupados e vendo históricos, como Artur Virgilio e Jereissati caminharem para o ostracismo, como estará sua cabeça. Mas, por outro lado, Alckmin bem hospedado no Palácio dos Bandeirantes e Aécio no berço esplêndido do Senado, com tempo e fleuma de sobra para percorrer o país como o “líder” da oposição Demo-Tucana.

Serra só não está de cabelos em pé por razões óbvias, mas deve ter cuidado até com a água que bebe, pois a atual catalepsia pode motivar até que não apenas se desvie do pé da figueira, mas que os amigos tucanos a arranquem para todo o sempre e sigam o tucano penoso velório do amigo Serra.

Em tempo: aos tucanos que não conseguem chorar, contratem carpideiras, com licitação e sem Paulo Preto.

Luis Carlos Romazzini