Lá se foram vinte homens com arcos e flechas em seus barcos e, para o azar do governo, os americanos estavam num dia de alarme de ataque aéreo, as ruas estavam desertas, só restando um cientista maluco com uma bomba poderosa, que na verdade era uma bola com um rato dentro.
Lembrei-me disto ao saber dos ataques norte-coreanos à Coréia do Sul, nestes últimos dias, pois tanto no condado fictício quanto na Coréia do Norte nada autoriza um pensamento mais sério sobre a beligerância daquele país, cujo povo a cada dia mais é massacrado por um regime lunático, cuja característica é de ser a única Monarquia Hereditária Comunista da história, onde o desabastecimento campeia e as elites vivem num mundo de fantasia.
A Coréia do Norte segue assim um pobre roteiro de óperas bufas de ditadores que, ao verem-se cercados pela própria incompetência e agudas crises, lançam mão de estratégias arriscadas a exemplo da ditadura da Argentina, que no auge de sua crise econômica, em 1982, lançou-se na aventura da retomada das Malvinas frente aos Britânicos. Moída militarmente, precipitou a queda do governo do general Leopoldo Galtieri, abrindo caminho para a redemocratização.
Na Coréia, as coisas podem sem bem piores, pois ao que parece dominam o ciclo nuclear e têm padrinhos poderosos, como Rússia e China. Além disso, está estrategicamente encravada na nova face do poder econômico mundial. Há também outros condimentos históricos. A própria existência de duas Coréias, separadas no paralelo 38, é fruto da guerra fria e do enfrentamento entre os americanos e os russos, entre 1950 e 1953, cujo cessar fogo nunca foi reconhecido. A bem da verdade, vivem em clima de guerra.
Por estas e outras da história, frente e frente estão uma Coréia pobre e comunista e a outra capitalista e rica, cujos papéis se invertem nos padrinhos, pois uma China Socialista está engolindo os EUA, vitrine do capitalismo mundial. E, talvez, a situação das Coréias seja uma triste página para o império americano e o início do imperialismo mundial amarelo. Os cuidados serão imensos, pois a Ásia não apenas é o continente mais populoso, mas também está mostrando as garras de seus tigres vorazes economicamente, frios diplomaticamente, e sabe-se lá o que há embaixo daquela cabeleira espetada de Kim Jong Il. Uma coisa já está clara: estão a cada dia mais espetando o ocidente, seja com seus produtos, com sua cultura e agora poderá ser com a força de seus mísseis.
Quanto ao Ditador Kim, está lá ele como na Obra de Orwell, a “Revolução dos Bichos”, construindo suas torres, entorpecendo seu povo para perpetuação no poder, sabendo que seus rugidos são seguidos pelos rugidos de ursos e tigres.
Luis Carlos Romazzini