quarta-feira, 28 de julho de 2010

Artigo - Os verbos do dia

Padre Antonio Viera, há 300 anos, tornou-se ‘persona non grata’ por seus ácidos sermões, nos quais denunciava as mazelas de nossa sociedade, especialmente quanto à corrupção dos costumes. Deu-se mal por aqui, também em Portugal, mas seus escritos estão aí, quase tão atuais como cruéis, uma vez que se passam gerações, mas os modos, os maus modos perpetuam-se.

Diuturnamente, assistimos, ouvimos e lemos, sempre algo não edificante. Sempre malandragens de toda sorte. Mas, ultimamente, a corrupção dos agentes do estado está superando o inimaginável. Os cargos e funções públicas são disputados à medida que se possa usufruir algo “por fora”. Está tudo normal. A tungada do fiscal, a vista grossa do perito, o agendamento daquela consulta, o parto com o médico tal. E assim vai.

Somos lenientes, coniventes, partícipes. Coletivamente, conduzimo-nos como uma choldra de desavisados. O político rouba, mas faz. E daí? Se não roubasse não faria mais?

Ocorre que algumas corrupções parecem ser piores que as outras, pois, como temos visto, há casos de agentes de segurança que se locupletam, justamente no encobrimento de crimes que, por dever, teriam que apurar.

Chamou muita atenção, por exemplo, o caso da morte do filho da atriz Cissa Guimarães, não apenas pelo fato trágico, mas pela teia da corrupção dos agentes e dos envolvidos. Isso mesmo, pois a corrupção é uma via de mão dupla.

Portanto, o rapaz e seu pai a praticaram na forma ativa, enquanto os policias praticaram na forma passiva. Portanto, é injusta até agora a prisão apenas dos policiais, pois vislumbro que houve destruição de provas e está no Código Penal que o juiz poderia decretar a prisão de todos.

Por fatos assim é que cada vez mais creio que nesta Nação de espertos, somos otários coletivos. E creio que em novos dias tenhamos novos verbos, mas não apenas de roubar, corromper etc. e tal.
Luis Carlos Romazzini