No mundo criado por ele, o Estado Comunista tudo via, dirigia e intervinha. O cidadão era violentamente vigiado, quando não delatado. Não havia outra alternativa, a não ser trilhar por caminhos pelo Estado delineados. Estado “Big Brother”. Isso mesmo, esse formato que as televisões adotaram e que milhões de pessoas adoram ver: um grupo enjaulado, com suas pilherias, mentiras, paixões momentâneas e intrigas, onde só conta vencer a qualquer preço.
Até Nostradamus traz, em uma de suas profecias, que o mundo antes de seu fim ficará com o filho de Deus em uma praça e por três dias será ignorado pelo mundo todo. Hoje, via Internet, isso é factível, pois sabemos de tudo e a tudo vemos.
Só para ilustrar este mundo em que vivemos, citarei três últimos casos de crimes famosos. O casal Nardoni, hoje condenado, por matar a menina Isabella, viram a casa cair quando se verificou, pelo GPS do carro, que o período em que sustentaram ter ficado na garagem e no apartamento era infinitamente menor do que diziam. No caso Mercia Nakashima, mais uma vez o GPS do carro está dedurando as andanças nas proximidades de sua casa, pelo hoje acusado ex-namorado.
Já no caso do goleiro Bruno, do Flamengo, não só o GPS, mas os radares de trânsito por três vezes flagraram o carro em alta velocidade, estabelecendo a trajetória do veiculo e jogando por terra as lorotas contadas pelos envolvidos.
Portanto, meu amigo, mesmo você não sendo aquele personagem da piada que, ao atender ao celular no motel e verificar ser a esposa aflita, pergunta: oh mulher, como sabes que estou com a amante? Cuidado, você esta sendo filmado.
É no banco da grana ou da praça, no barzinho, na loja, na boate ou no cemitério. Você está sendo filmado, vigiado, visto, revisto e revistado, gravado pelo botão do casaco, ao desnudar sua amante, naquele piscar de olhos. No radar do farol, da rodovia, tudo nesta via de infovias, pois hoje basta orar. Vigiar já o fazem por nós, em todos os momentos. O beijo, outrora roubado, está gravado, filmado, impresso. É confissão total, batom na cueca ficou na saudade.
Luis Carlos Romazzini