quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Vereador Romazzini é morto e Guarujá lamenta sua perda

O vereador Luis Carlos Romazzini (PT) foi morto na madrugada da última sexta-feira (26) durante uma invasão à sua casa, localizada na avenida Mário Daige, no Jardim Conceiçãozinha, em Vicente de Carvalho. O assassinato de Romazzini foi seguido pela comoção de familiares, amigos e políticos da região, que manifestaram a tristeza pela trágica morte do vereador.

Na madrugada anterior (25), o vereador havia registrado um Boletim de Ocorrência na delegacia sede porque sua casa havia sido invadida e o portão da garagem e a porta de acesso à casa foram danificados. De acordo com o documento, Romazzini acordou com o barulho de pancadas na porta e foi verificar, mas não encontrou ninguém. Contudo, o invasor deixou as marcas dos pés pelo quintal. Segundo os amigos mais próximos, o vereador vinha recebendo ameaças.

Na sexta-feira, por volta da 1h30, a cena se repetiu, porém, desta vez Luis Carlos Romazzini foi chamado na porta pelos criminosos. A vítima, armada, desceu do primeiro andar da casa, onde sua esposa, Juliana, permaneceu, e foi até os suspeitos, que após discussão efetuaram diversos disparos contra o vereador, atingido na cabeça, ombro, abdômen e pernas. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu. Sua esposa não foi ferida. O caso está sendo investigado em sigilo pelo 1° Distrito Policial.

Investigações

O presidente da OAB SP, Luiz Flávio Borges D´Urso, quer uma rápida apuração do caso e solicita ao secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa acompanhe as investigações do assassinato do vereador e advogado. “Lamentamos profundamente a morte de mais um colega vítima de um crime bárbaro, que merece repúdio da advocacia e da sociedade. Esperamos do Poder Público rapidez na apuração deste crime e a prisão dos autores”, afirmou D´Urso.

O presidente da subseção do Guarujá, Frederico Gracia, manifestou seu pesar e lembrou que Romazzini “foi um advogado muito atuante e que sempre respeitou as prerrogativas profissionais. Enquanto legislador municipal, sempre teve compromisso com a verdade e a ética”.

O presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, Edinho Silva, conversou com o secretário de Estado da Segurança Pública para que os autores do assassinato sejam prontamente identificados. O senador Aloysio Mercadante também intercedeu e reivindicando que todos os esforços sejam mobilizados para levar à descoberta dos responsáveis e a aplicação das leis cabíveis.

Luto

A prefeitura de Guarujá decretou luto oficial de três dias e a chefe do Executivo, Maria Antonieta de Brito, ressaltou a necessidade de novas ações contra o crime. “Lamento profundamente o falecimento do vereador Luis Carlos Romazzini. Ele foi meu companheiro de partido e desenvolvemos, por isso, vínculos de amizade e de luta, durante anos. Neste momento, estamos solidários à família do vereador. Mas não mediremos esforços na busca por ações que mudem este histórico lamentável de crimes contra autoridades municipais, que a nossa cidade carrega”, disse.

A prefeita de Guarujá compareceu ao velório do vereador, assim como a prefeita de Cubatão, Márcia Rosa, deputados federais, estaduais, políticos da região e representantes do Poder Judiciário, além de um imenso público de amigos e companheiros.

A senadora eleita por São Paulo, Marta Suplicy, emitiu em nota oficial seu pesar pelo assassinato do político. “Lamento a morte de Luis Carlos Romazzini e venho me solidarizar com familiares, amigos e a comunidade do Guarujá, que ele representava como vereador. O momento é de luto e indignação. A sociedade exige a mais rápida apuração e detenção dos responsáveis.” A deputada estadual Maria Lúcia Prandi, indignada pelo assassinato do vereador, acompanhou de perto as ações das lideranças do seu partido (PT) em Guarujá, que reivindicam a imediata e rigorosa apuração dos fatos. “Era um companheiro guerreiro, aliado da população em suas lutas e rigoroso na defesa dos direitos sociais”, disse Prandi, lamentando a morte de Romazzini.

História
 
 Luis Carlos Romazzini, 45 anos, era advogado, professor e vereador. Ele foi suplente por duas vezes e vereador em duas legislaturas (14ª e 15ª), no legislativo desde 2005. Nas últimas eleições ele concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa, e recebeu 20.040 votos.

 A militância de Romazzini iniciou no movimento estudantil no inicio dos anos 90, com atuação em movimentos ambientalistas e na defesa de direitos coletivos. Seus planos para a população o fizeram ser eleito a vereador por Guarujá em 2004, onde reelegeu-se em 2008, com votação superior a anterior.

 O vereador, filho de Odalvo Romazzini, já falecido, e de Benvinda Pereira Romazzini, deixa esposa, Juliana Romazzini. O corpo de Romazzini seguiu para a cidade de Aparecida do Tabuado, em Mato Grosso do Sul, para ser sepultado ao lado de seu pai, conforme seu desejo manifestado ainda em vida.

Jornal do Guarujá - Sábado, 27 de novembro de 2010




Mensagens

 A morte de uma fonte confiável

Valdir Dias

Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis
Bertold Brecht

Assim, dessa forma, lutando contra aquilo que considerava injusto, morreu na madrugada desta sexta-feira o vereador, professor e advogado Luis Carlos Romazzini, um autêntico ativista social e político, na visão das muitas autoridades e do público presente ao seu velório.

Como fosse um Don Quixote moderno, Romazzini tentava combater inimigos reais, não moinhos de vento, como os retratava em seu secular romance o escritor espanhol Miguel de Cervantes. Por vezes, Romazzini debruçava-se em números, em leis e em brechas legais para denunciar desmandos e irregularidades.
Por conta disso, era um peixe fora da água, em muitas oportunidades.

Para quem atua ou convive nas redações dos meios de comunicação, Romazzini era considerado uma fonte segura. Suas informações, invariavelmente, resultavam em importantes reportagens, razão pela qual gozava de prestígio e respeito, entre os jornalistas da região.

A nós, do Jornal do Guarujá, que aprendemos a conviver com seus repentes e manias, resta torcer para que ele consiga uma confortável cadeira no parlamento do céu, onde estará, com certeza, gritando contra algo que não concorde. Na terra, rezamos para que a apuração sobre sua morte tenha resultados e que suas bandeiras não sejam esquecidas. Jamais.
Valdir Dias é editor do Jornal do Guarujá
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Réquiem para um amigo

Julio Cesar Ferreira

Sob a pena da truculência, escreveu-se mais uma página rubra de sangue e de vergonha, na história política de Guarujá.

Tombou Luis Carlos Romazzini. Advogado, professor e vereador atuante. Sentinela sempre alerta pelas causas sociais.

Os seis tiros que calaram a nossa voz mais intransigente e combativa atingiram em cheio o coração dos seus amigos e o sonho de uma sociedade mais ética, justa e igualitária.

O corpo de Romazzini vai descansar ao lado dos seus, mas o seu espírito militante continua entre nós, seus companheiros de ideais e lutas, que agora assumem o compromisso de manter bem alto e tremulante o estandarte, mesmo que ensangüentado, da Esperança e da Dignidade.
Julio Cesar Ferreira, em nome dos amigos de Romazzini
e de todos os homens de bem de Guarujá
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Meu amigo Romazzini

Sidnei Aranha

Nunca pensei na minha vida, amigo, que um dia estaria sentado em frente ao meu computador escrevendo essas linhas.

Caro Sargento. Imaginei que nos digladiaríamos em debates efusivos e afiados, me esforçando para superar sua mente inquieta, seus pensamentos rápidos, tentando me sobrepor a sua mania de utilizar adágios, enfim, tal qual como fizemos no plebiscito de 1993 (eu parlamentarista e você presidencialista) e no referendo sobre as armas (um contra, o outro a favor).

Lembro-me, perfeitamente, quando me ligou para visitá-lo no 2º BC, se recorda amigo? Desde aquela época sofrendo pela injustiça dos poderosos, ou seja, preso porque enfrentou o Comando do Exército (mal sabia o General quantas brigas o destino lhe reservou).

A vida passou, formou-se em direito e virou o Doutor Romazzini e, mais uma vez caminhamos juntos, nos seus primeiros júris, nas suas primeiras audiências. Na CPI da Pirataria, muito aprendemos sobre Brasília. Não posso esquecer o dia em que ganhou seu primeiro mandato e, como é de seu feitio (ligar fora de hora) me ligou de madrugada e disse: “GANHAMOS AMIGO”.

Como rimos quando visitamos a sua amada APARECIDA DO TABOADO, pois lá, evidentemente, como tem inúmeros Romazzinis (sua família inteira), te chamam de LUIZÃO e muitos ainda acreditam que você está no Exército até hoje. Fiquei confuso, pois eu mesmo esquecia que seu nome é Luis Carlos.
Domingos, pela manhã, me ligando e me acordando cedo na minha casa. E, quando falo cedo, bem sabe que sete horas da manhã de um domingo é um horário impróprio. Contudo, sua paixão pela política não permite que enxergue esses “pequenos” detalhes.

A maioria das pessoas conhece o Vereador combatente, mas poucas pessoas têm o privilégio de conhecer o amigo, o homem culto, chato por vezes, mas uma pessoa que tem a missão de mudar o mundo. Amigo, sei que está conseguindo, sabe que acredito no seu ideal e não são os idiotas e imbecis que ontem se beneficiaram da nossa luta que vão nos parar.

Amigo, não me despeço de você. Ah! Isso não! Continuamos vivos. Talvez meu inquieto irmão tenha terminado um ciclo. Ciclo que um dia eu também concluirei. Mas enquanto eu estiver vivo, meu querido amigo caipira sul matogrossense, VOCÊ VIVERÁ DENTRO DO MEU CORAÇÃO.
Sidnei Aranha é advogado e professor em Guarujá
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Meu querido amigo Romazzini

José Forte Filho
Meu fiel leitor, não terei mais aos sábados o seu aplauso, o seu entusiasmo e sua vibração. Fubá e eu choramos sua falta, é triste, pesaroso, incrivelmente irritante aceitar sua perda. Guarujá perde o político, o professor, o advogado. Em todos os segmentos Romazzini era único, jamais conseguia ser mais um, era ele com suas falhas e virtudes, dono de uma personalidade marcante. Fique sabendo querido companheiro que “a morte não é nossa perda maior. Nossa perda maior é o que morre dentro de nós enquanto vivemos”. Estamos assim, vivendo aos poucos e morrendo aos poucos.

Registro aqui em uma mistura de gratidão e orgulho, crônica de sua lavra, publicada nos primeiros dias de setembro no jornal Diário do Litoral e republicada neste jornal em que presta homenagem a este humilde cronista.
 De todas as profecias enunciadas, fica desgraçadamente o gosto amargo de que “o vai piorar” fosse sua ausência nos destinos desta cidade. Descanse em paz, meu bom companheiro.
José Forte Filho é diretor do Jornal do Guarujá


Zé Profeta

Com cabelos já brancos, vi e vivi muita coisa. Como soaria piegas falar das bramuras pessoais, fico por personagens anônimos ou nem tanto, que já conheci. Muitos felizardos, outros azarados, profetas do caos ou da bonança. Mesmo porque hoje em dia o negocio é pensar positivo, rende um dinheiro danado, principalmente para os autores destes livros que lhe abrem a porta da prosperidade, desde que você os compre, é claro.

O paraíso nunca foi tão mercadejado, nem o capeta tão cortejado. Uns o usam como escudo, outros como lobo mau. Enfim, sempre haverá gaiatos e cascateiros, assim tem me ensinado a vida.
Está lá, no Código Penal, que charlatanismo é prática punida. O ‘X’ da questão é definir o que, quando e como se dá o charlatanismo, tal a plêiade de charlatães dos tempos atuais. Mas, é melhor não me imiscuir em política, por óbvias limitações legais; Então, vamos lá.

Ainda menino, conheci um azarado que, ao aproximar-se de uma dona de casa, imitando a voz do rádio, que logicamente sairia do ar pelos próximos trinta minutos, quando a desavisada percebeu: lá ia o gatuno, com seu rádio e palmas para a originalidade. O mesmo não deu tanta sorte quando da Copa do Mundo de 82, pois foi roubar a antena de uma televisão em pleno jogo do Brasil e levou uma coça daquelas.

Conheci outro que vendia terrenos no céu, e não era deputado em Brasília. O malandro vendia tudo que se podia imaginar, até mesmo lotes de terra em baixa de maré. De profetas, já li muito, não só os da bíblia, os do pessimismo, mas conheço um que o chamarei de Zé Lelé.

Meio gagá, rábula de boa cepa, boêmio inveterado e cópia de Murdoch, que luta com sua agruras diárias não só para fechar o jornal toda sexta, mas também as contas no fim do mês. Cujo jornal prometo não mais ler, pois o bruxo só acerta. Tudo que falou do Governo Farid, ‘pimba’. Agora volta ele sua baterias para a pobre prefeita e o ‘boca de conflito’ não erra uma. Já xingado por prenunciar o caso, não é que o gaiato previu, em letras garrafais, todo este caos que Guarujá se encontra. E, pior. Diz ele que vai piorar. É ranzinza e tem um amigo chamado Fubá, mas que acerta tudo, acerta. Então, nesta terra que Deus deu toda a beleza do mundo, temos nosso profeta, que segue tinhoso e forte. Habemos profeta.
Luis Carlos Romazzini