quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Artigo - O Governador no mundo da lua

Assisti estarrecido à entrevista do governador Alberto Goldmam, ao programa do Paulo Schiff, nesta quarta feira 11 de agosto. Entre tantas asneiras, quando perguntado pelo jornalista sobre a ponte ligando Guarujá a Santos, primeiro desfilou uma série de informações que não batem com a realidade, principalmente quanto à altura da ponte, o que, aliás, não soube informar.

Mas, foi ao explicar a opção pela ponte que as coisas pioraram. Primeiro afirmou que um túnel ligando as duas cidades não serviria aos caminhões do porto, um verdadeiro absurdo, pois o que não serve é a ponte.

A propósito disto, na Câmara de Guarujá formamos uma Comissão de Vereadores e fomos ao Porto de Vitória e o que lá nos informaram é que por ter ocorrido acidente com caminhão, que ceifou três vidas, proibiu-se que fosse utilizada a ponte por estes, justamente o contrário do que diz o governador Goldmam.

Pior ainda quando afirmou que um túnel implicaria em uma ‘altura’ e foi corrigido pelo apresentador; que era inviável dado o calado dos navios que acessam o porto. Ora, será que um túnel a quarenta metros de profundidade impediria o acesso dos navios, cujos calados hoje passam pelo canal com menos de dezoito metros de profundidade? E, além do mais, todos somos sabedores dos impactos que os acessos da ponte provocarão, em seus quase três quilômetros em ambos os lados.

O ponto alto do desprezo a todos nós ainda viria, ao longo da entrevista. Foi quando o governador do estado referiu-se aos ciclistas em tom jocoso, dizendo que estes precisariam colocar suas bicicletas nos ombros para terem acesso à ponte.

Será que o governador sabe quantos milhares utilizam-se deste tipo de transporte? Será que o desprezo e a arrogância do governador lhes permitem entender que eles são cidadãos e que, na maioria das vezes, seu único meio de transporte é a bicicleta? Ou será uma visão emburrecida e aristocrática, que não o permite respeitar o povo?

No bloco seguinte, ele ainda desfilou sua condição de quarenta anos de mandatos na política paulista. Daí então compreendi como eles conseguiram assassinar a educação pública, perder o controle da segurança para o crime organizado, destruir o interior com uma política de penitenciarias em cidades distantes, com o crime organizado tendo-os sob seu jugo.

Só assim posso entender a sanha privatista que levou-nos a suportar um dos sistemas de pedágios mais caros do mundo. É por estas e outras que melhor seria que todos pudessem assistir ao programa e avaliar como são conduzidos os negócios do estado, na unidade mais rica da federação. Só me permite concluir que, das duas uma: ou não sabe o que fala (e aí deveria calar-se) ou vive no mundo da lua.
Luis Carlos Romazzini