quinta-feira, 11 de março de 2010

Artigo - Roda quadrada

A roda gira e a lusitana roda. É mais ou menos por ai que o mundo da política toca. A certeza e incerteza são consortes. A aposta de hoje e o retumbante fracasso do amanhã. Quase sempre estar no lugar e hora certos não é certeza de vitória. O imponderável e o imprevisível têm que ser computados. O amigo de hoje poderá ser o mais figadal inimigo amanhã. Os inimigos de meus inimigos são, por instinto de sobrevivência, meus amigos. 

Maquiavel tentou codificar tudo, situacionar, prever, criar posturas, como se dois mais dois dessem quatro na vida política. Acabou derrotado e morreu no mais profundo ostracismo. Quem mandou ensinar o pulo do gato aos poderosos, dizer-lhe-ia se tivesse mineiro em Roma. A fórmula da política, creio eu, está no mesmo poço da eterna juventude.
Mulher, política, bola e moda de viola. Creio que se o criador inventou coisas melhores, as têm guardadas a sete chaves no paraíso. E nem adianta falar com São Pedro. Ha coisas que nem Deus ousa delegar. Dizer que a política é tal como as nuvens do céu é pouco, pois atualmente alguns políticos demonstram conseguir esconder até o firmamento.
Bem verdade que nem tudo são flores, muito menos panetones. Se Jânio Quadros renunciou por “forças ocultas”, Paulo Otavio, que havia renunciado à renuncia, acabou renunciando à permanecia, na novela de indecências da Capital Federal. Certo é que as portas do Céu, da Política e do Inferno ninguém abrirá por nós.

No quarto congresso do Partido dos Trabalhadores, vi e vivi momentos e pós-momentos. Explico: vi o José de Alencar ser aplaudido de pé pela militância petista, o mesmo Zé que vi vaiado em 2002, no Anhembi. Coisas que só o tempo que cura o queijo e estraga o doce pode nos mostrar.
Sei que os partidos usam símbolos para melhor se comunicarem com seus adeptos. Uns vão à linguagem sânscrita, outros à fauna e flora, mas fico mesmo é com o ditado de vovó: “cuidado meu neto, pois ‘por fora bela viola, por dentro pão bolorento’”. Aí reside o nó gódio que atormenta a todos nós, pobres e mortais eleitores.

Caso sirva de alento, Arruda está no xilindró e outros três governadores foram cassados neste mandato, bem distante do tempo de minha infância, quando sempre que, em apuros, o poderoso saia-se com o famoso: “sabe com quem está falando”. Se a roda girou não sei, mas ao menos não está mais quadrada.

Luiz Carlos Romazzini

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