quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Artigo - O drama do México

Dramalhão Mexicano. Sempre falamos assim quando queremos indicar uma novela ou estória de gosto duvidoso. Mas, agora não, agora a coisa tomou proporções dramáticas, com mais de meia centena de mortos de uma só vez e o pior é que mataram até quem estava investigando os fatos. Ou seja, há um Estado criminoso dentro do Estado Mexicano.

Existem ali varias questões. As principais são os cartéis de tráfico de drogas, mas o tráfico de pessoas também tem sido a tona. Todos os anos, milhares de mexicanos e outros latino-americanos tentam entrar em território americano. Muitos morrem de sede e fome, na longa travessia do deserto do Arizona, enquanto outros têm destino mais cruel, extorquidos nas mãos dos “coyotes”, ou dos agentes mexicanos, tão corruptos que sequer se submetem ao controle do Estado.

Por outro lado, o próprio México, histórica vitima da sanha imperialista dos EUA, que lhe tomou boa parte do território e, por meio de contratos suspeitíssimos com governantes corruptos do México, levam a maior de suas riquezas, o petróleo, a preços ínfimos, fazendo com que a miséria continue sendo a tônica do outro lado do rio Grande.

Aliás, esta miséria não só mexicana, mas também africana, latino-americana e até mesmo de parte da Europa, apesar da Comunidade Econômica Européia. A verdade é que o mundo todo está se dividindo entre eldorados desenvolvidos e trevas de miséria, por todos os continentes. E não adianta usar a milenar prática de construir muralhas, como na Velha China. A verdade nua e crua é que estamos nos tornando insustentáveis, enquanto civilização. Somos os vermes da terra, vermes de nós mesmos, vermes da democracia que corroemos a cada dia.

A situação do México e sua fronteira porosa com os EUA nos remete às nossas próprias fronteiras, que muitos tolos crêem ser possível policiá-las, mantê-las intransponíveis, simplesmente porque não conhecem nada de nada, nem de nosso pais e suas mazelas e tampouco das mazelas de nossos vizinhos.

A questão das migrações passa por um novo olhar, de mecanismos multilaterais, como a ONU. A questão das drogas, por sua vez, passa por políticas internas de cada pais. Que cada qual feche as narinas de seus usuários de drogas, que abandonem o insano modelo de combate, que só serve para enriquecer traficantes e corromper agentes do Estado e passem a adotar políticas mais realistas e menos hipócritas. Agora, que dói muito ver uma Nação inteira contar mortos da brutalidade criminosa, isso dói. Mas, pior é não ver no horizonte uma mudança deste horrendo drama.
Luis Carlos Romazzini

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