quarta-feira, 9 de junho de 2010

Artigo - Ficha Limpa: o primeiro passo

Há um dito antigo que diz: mais grassa a imoralidade onde as leis abundam. Nosso caso em especial, face à abundancia das leis, nos torna o império da imoralidade e da impunidade, aliado ao nosso Sebastianismo Lusitano. Estamos sempre à espera de um ser “Alado” ou não, mas que salve a pátria sempre ameaçada, quer seja pela saúva, pelos corruptos ou que o valham.

O ato final do Presidente em apor a sanção sem qualquer veto, não apenas foi um ato sábio, como respeitador face ao texto aprovado pelo parlamento, mas muito antes, aprovado em cada esquina por nossa sociedade, mesmo porque chegou ao Congresso com mais de um milhão e seiscentas mil assinaturas, num dos raros exemplos de exercício de cidadania por nosso povo. Mais ainda, justamente num momento de frenesi nacional com a proximidade da copa do mundo.

Esta Lei, que muitos descrentes dizem que não pegará, mas que tenho a convicção absoluta que já pegou, pois o mundo hoje é on line, é de Internet e tantos outros meios. O debate já tomou as ruas e não mais sairá, pois a gatunagem usava e abusava da impunidade e de sua capacidade e cara de pau de enganar o eleitorado, eleição após eleição.

Com certeza, também, não será o fim de todas as mazelas, mas é um grande passo. Primeiro, para que o cidadão comum acredite cada vez mais nas iniciativas populares de legislar. E depois, pelo fato de acordar os agentes políticos no sentido de fazerem a reforma política, sob pena do povo fazê-la, o que por certo será em termos muito mais duros que a classe política está acostumada.

Só pelo debate já vale a Lei. Imagine você poder tirar das disputas prefeitos que gatunaram, que se candidatam apenas pela busca do foro privilegiado que um Mandato de Deputado Federal lhe proporciona. Vou mais além: a certeza da impunidade feita com o nosso dinheiro, fazendo com que o crime compense, pois rouba-se na prefeitura e desse dinheiro dispõe para eleger-se deputado, para mais tarde talvez ser prefeito de novo, eternizando um ciclo maléfico que desrespeita o cidadão, mas que, pior de tudo, leva à descrença na democracia.

Bem verdade que temos ainda muito a avançar, quando falamos em reforma política, como também a natural dificuldade da classe política em fazer reformas que lhes retirem privilégios, mas temos que buscar o voto distrital, acabar com a excrescência dos suplentes de senadores e tantas outras coisas. Mas já é um bom começo a moralização já nas candidaturas. Isto vai ao menos evitar que corramos atrás das raposas já instaladas dentro do galinheiro.
Luis Carlos Romazzini

Nenhum comentário:

Postar um comentário