Não satisfeitos com a mediocridade, os candidatos estenderam suas campanhas para a questão do aborto, mais uma vez com a desculpa de proteger a vida. Na verdade, era mais uma arma não para cabalar votos, mas para tirar do adversário. Ou seja, é a primeira campanha que vejo esforços para destruir serem infinitamente maiores do que para construir, deixando o debate pobre, mesquinho, idiota mesmo.
Terminada a eleição, eis que uma besta qualquer, que dizem estudante de Direito, lança um texto na internet de desvario absoluto, cheio de preconceitos para com os nordestinos. Mais um debate, com defesas de parte a parte, na maioria das vezes centradas em meias verdades que são mentiras absolutas. Não faltando aqueles que, sob o manto da liberdade de expressão, querem agora acobertar crimes, como se a vida humana e a convivência pacifica da coletividade não fossem valores acima da individualidade.
Mas os tempos de mediocridade parecem não ter fim. Um bando de jovens bem nascidos é acusado de agredir indiscriminadamente pessoas, ao que parece até agora, pelo simples motivo de serem homossexuais. Aliás, tese reforçada pela fala do advogado de um deles, que disse que teriam sido paquerados por uma das vítimas e foi mais além, dizendo ser uma briga generalizada, onde quatro ou cinco derriçavam o pau na cabeça de um só. E dá-lhe hipocrisia.
Estes poucos fatos ilustram a degradação que estamos vivenciando, seja na política ou na vida social. Não por acaso, isto acontece justamente quando há mais de uma década nosso sistema educacional tirou do professor qualquer autoridade sobre seus alunos. E, sendo chato pela enésima vez, pela malfadada progressão continuada.
Não bastasse isso, as novas mídias, se nos permitem avanços históricos na produção e comunicação, por outro lado disseminam, com uma velocidade assustadora, algumas práticas criminosas, não sendo raros os casos de grupos de jovens protagonizando cenas de violências e as postando nas redes sociais.
Por derradeiro, a terceirização da culpa por todos nós. Sempre é problema da escola, do clube, da torcida organizada, do filho da vizinha, do álcool e das drogas. Nunca admitimos que o mal esteja em nós mesmos, dentro de nossos lares, com a criação sem limites. Todos rimos quando uma criança de dois ou três anos dá tapinhas no rosto da mamãe, ou ficamos jubilosos quando nosso filho, ainda criança, enche o filho da vizinha de porrada.
Afinal, é cabra macho, nos esquecendo que as contradições já começam pela frase, pois se é cabra como pode ser macho? Haveria de ser um bode. Mas o bode mesmo, da ignorância, este não colocam em nossas salas. Este, nós mesmos criamos. E viva os joguinhos violentos que divertem nossos filhos, as touradas e o vale tudo. Afinal, a vida e a liberdade cada vez valem menos. Não é mesmo?
Luis Carlos Romazzini
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