quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Mensagens

 A morte de uma fonte confiável

Valdir Dias

Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis
Bertold Brecht

Assim, dessa forma, lutando contra aquilo que considerava injusto, morreu na madrugada desta sexta-feira o vereador, professor e advogado Luis Carlos Romazzini, um autêntico ativista social e político, na visão das muitas autoridades e do público presente ao seu velório.

Como fosse um Don Quixote moderno, Romazzini tentava combater inimigos reais, não moinhos de vento, como os retratava em seu secular romance o escritor espanhol Miguel de Cervantes. Por vezes, Romazzini debruçava-se em números, em leis e em brechas legais para denunciar desmandos e irregularidades.
Por conta disso, era um peixe fora da água, em muitas oportunidades.

Para quem atua ou convive nas redações dos meios de comunicação, Romazzini era considerado uma fonte segura. Suas informações, invariavelmente, resultavam em importantes reportagens, razão pela qual gozava de prestígio e respeito, entre os jornalistas da região.

A nós, do Jornal do Guarujá, que aprendemos a conviver com seus repentes e manias, resta torcer para que ele consiga uma confortável cadeira no parlamento do céu, onde estará, com certeza, gritando contra algo que não concorde. Na terra, rezamos para que a apuração sobre sua morte tenha resultados e que suas bandeiras não sejam esquecidas. Jamais.
Valdir Dias é editor do Jornal do Guarujá
***

Réquiem para um amigo

Julio Cesar Ferreira

Sob a pena da truculência, escreveu-se mais uma página rubra de sangue e de vergonha, na história política de Guarujá.

Tombou Luis Carlos Romazzini. Advogado, professor e vereador atuante. Sentinela sempre alerta pelas causas sociais.

Os seis tiros que calaram a nossa voz mais intransigente e combativa atingiram em cheio o coração dos seus amigos e o sonho de uma sociedade mais ética, justa e igualitária.

O corpo de Romazzini vai descansar ao lado dos seus, mas o seu espírito militante continua entre nós, seus companheiros de ideais e lutas, que agora assumem o compromisso de manter bem alto e tremulante o estandarte, mesmo que ensangüentado, da Esperança e da Dignidade.
Julio Cesar Ferreira, em nome dos amigos de Romazzini
e de todos os homens de bem de Guarujá
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Meu amigo Romazzini

Sidnei Aranha

Nunca pensei na minha vida, amigo, que um dia estaria sentado em frente ao meu computador escrevendo essas linhas.

Caro Sargento. Imaginei que nos digladiaríamos em debates efusivos e afiados, me esforçando para superar sua mente inquieta, seus pensamentos rápidos, tentando me sobrepor a sua mania de utilizar adágios, enfim, tal qual como fizemos no plebiscito de 1993 (eu parlamentarista e você presidencialista) e no referendo sobre as armas (um contra, o outro a favor).

Lembro-me, perfeitamente, quando me ligou para visitá-lo no 2º BC, se recorda amigo? Desde aquela época sofrendo pela injustiça dos poderosos, ou seja, preso porque enfrentou o Comando do Exército (mal sabia o General quantas brigas o destino lhe reservou).

A vida passou, formou-se em direito e virou o Doutor Romazzini e, mais uma vez caminhamos juntos, nos seus primeiros júris, nas suas primeiras audiências. Na CPI da Pirataria, muito aprendemos sobre Brasília. Não posso esquecer o dia em que ganhou seu primeiro mandato e, como é de seu feitio (ligar fora de hora) me ligou de madrugada e disse: “GANHAMOS AMIGO”.

Como rimos quando visitamos a sua amada APARECIDA DO TABOADO, pois lá, evidentemente, como tem inúmeros Romazzinis (sua família inteira), te chamam de LUIZÃO e muitos ainda acreditam que você está no Exército até hoje. Fiquei confuso, pois eu mesmo esquecia que seu nome é Luis Carlos.
Domingos, pela manhã, me ligando e me acordando cedo na minha casa. E, quando falo cedo, bem sabe que sete horas da manhã de um domingo é um horário impróprio. Contudo, sua paixão pela política não permite que enxergue esses “pequenos” detalhes.

A maioria das pessoas conhece o Vereador combatente, mas poucas pessoas têm o privilégio de conhecer o amigo, o homem culto, chato por vezes, mas uma pessoa que tem a missão de mudar o mundo. Amigo, sei que está conseguindo, sabe que acredito no seu ideal e não são os idiotas e imbecis que ontem se beneficiaram da nossa luta que vão nos parar.

Amigo, não me despeço de você. Ah! Isso não! Continuamos vivos. Talvez meu inquieto irmão tenha terminado um ciclo. Ciclo que um dia eu também concluirei. Mas enquanto eu estiver vivo, meu querido amigo caipira sul matogrossense, VOCÊ VIVERÁ DENTRO DO MEU CORAÇÃO.
Sidnei Aranha é advogado e professor em Guarujá
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Meu querido amigo Romazzini

José Forte Filho
Meu fiel leitor, não terei mais aos sábados o seu aplauso, o seu entusiasmo e sua vibração. Fubá e eu choramos sua falta, é triste, pesaroso, incrivelmente irritante aceitar sua perda. Guarujá perde o político, o professor, o advogado. Em todos os segmentos Romazzini era único, jamais conseguia ser mais um, era ele com suas falhas e virtudes, dono de uma personalidade marcante. Fique sabendo querido companheiro que “a morte não é nossa perda maior. Nossa perda maior é o que morre dentro de nós enquanto vivemos”. Estamos assim, vivendo aos poucos e morrendo aos poucos.

Registro aqui em uma mistura de gratidão e orgulho, crônica de sua lavra, publicada nos primeiros dias de setembro no jornal Diário do Litoral e republicada neste jornal em que presta homenagem a este humilde cronista.
 De todas as profecias enunciadas, fica desgraçadamente o gosto amargo de que “o vai piorar” fosse sua ausência nos destinos desta cidade. Descanse em paz, meu bom companheiro.
José Forte Filho é diretor do Jornal do Guarujá


Zé Profeta

Com cabelos já brancos, vi e vivi muita coisa. Como soaria piegas falar das bramuras pessoais, fico por personagens anônimos ou nem tanto, que já conheci. Muitos felizardos, outros azarados, profetas do caos ou da bonança. Mesmo porque hoje em dia o negocio é pensar positivo, rende um dinheiro danado, principalmente para os autores destes livros que lhe abrem a porta da prosperidade, desde que você os compre, é claro.

O paraíso nunca foi tão mercadejado, nem o capeta tão cortejado. Uns o usam como escudo, outros como lobo mau. Enfim, sempre haverá gaiatos e cascateiros, assim tem me ensinado a vida.
Está lá, no Código Penal, que charlatanismo é prática punida. O ‘X’ da questão é definir o que, quando e como se dá o charlatanismo, tal a plêiade de charlatães dos tempos atuais. Mas, é melhor não me imiscuir em política, por óbvias limitações legais; Então, vamos lá.

Ainda menino, conheci um azarado que, ao aproximar-se de uma dona de casa, imitando a voz do rádio, que logicamente sairia do ar pelos próximos trinta minutos, quando a desavisada percebeu: lá ia o gatuno, com seu rádio e palmas para a originalidade. O mesmo não deu tanta sorte quando da Copa do Mundo de 82, pois foi roubar a antena de uma televisão em pleno jogo do Brasil e levou uma coça daquelas.

Conheci outro que vendia terrenos no céu, e não era deputado em Brasília. O malandro vendia tudo que se podia imaginar, até mesmo lotes de terra em baixa de maré. De profetas, já li muito, não só os da bíblia, os do pessimismo, mas conheço um que o chamarei de Zé Lelé.

Meio gagá, rábula de boa cepa, boêmio inveterado e cópia de Murdoch, que luta com sua agruras diárias não só para fechar o jornal toda sexta, mas também as contas no fim do mês. Cujo jornal prometo não mais ler, pois o bruxo só acerta. Tudo que falou do Governo Farid, ‘pimba’. Agora volta ele sua baterias para a pobre prefeita e o ‘boca de conflito’ não erra uma. Já xingado por prenunciar o caso, não é que o gaiato previu, em letras garrafais, todo este caos que Guarujá se encontra. E, pior. Diz ele que vai piorar. É ranzinza e tem um amigo chamado Fubá, mas que acerta tudo, acerta. Então, nesta terra que Deus deu toda a beleza do mundo, temos nosso profeta, que segue tinhoso e forte. Habemos profeta.
Luis Carlos Romazzini

2 comentários:

fernandarossas disse...

No alvorecer bem-te-vi vem cantar na janela
Lembra meu tempo, quem dera
Voltar, começar a crescer
A meninice voou como um raio que passa
Deixando luz e fumaça
...De quem é feliz sem saber
O tempo se cumpriu
Nas linhas da tua mão
Até quando Deus quiser
Saudade no coração
Hoje a saudade invade os olhos da gente
E o corpo todo ressente
É como pisar sem ter chão
Uma nascente lava o olhar de quem fica
Dói feito tiro no peito
De jeito sangra o coração

O tempo se cumpriu...

Olho pros campos, brotar teu amor nessa terra
Lírios, acácias e heras
E o canto de um sabiá
No teu silêncio cresce teu fruto e a beleza
De quem viveu a certeza
De ter a paz onde está
O tempo se cumpriu

Renilma disse...

Um homem de caratér forte ...
Que procurava a justiça...
Sua indignação era a indignaçao de metade se não toda a populaçao da nossa cidade...
Realmente ficará a saudade desse homem de fé, no coração e na memória de todos que como ele lutam e sonham com um mundo melhor.

SAUDADES SEMPRE PROFº

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