A contradição é o esqueleto da alma. Dizem que o sonho do oprimido é tornar-se opressor, o que não concordo. Mas, a cada por do sol, a atual administração de Guarujá faz destas palavras nua e crua realidade. Quem, no passado, bradava contra a imoralidade e contra a opressão, hoje se enlameia em contratos duvidosos, oprime, censura e cerceia.
Primeiro proibiu-se a distribuição histórica de jornais em próprios públicos, com a desculpa de que atrapalhava o andamento dos trabalhos. Depois, jogou-se a Guarda Municipal para impedir o trabalho da imprensa, inclusive com agressões físicas que pude presenciar. Mais tarde proibiu-se que vereadores visitassem os prédios públicos e, por derradeiro, os agentes de segurança estão filmando os integrantes da imprensa quando estes estão cobrindo qualquer manifestação contra a administração.
A Prefeita foi ao judiciário contra dispositivo da Lei Orgânica Municipal e conseguiu uma liminar que a desobriga de passar pela Câmara os convênios e os consórcios. Agora temos um impasse, vez que há três semanas nada se vota, pois o primeiro item da pauta é justamente um pedido para assinatura de convenio com prazo já expirado, que trava a pauta. Se os vereadores votarem, estarão desrespeitando decisão judicial. E ai, o povo perde, a Câmara perde. Por que isto? Para poder esconder futuros convênios e consórcios imorais.
Do ponto de vista prático, a Câmara foi ao judiciário, para tentar derrubar a liminar. Mas, enquanto isso, nós estamos assistindo uma patacoada geral. A liderança inábil e petrificada nada lidera. A prefeita, cercada de incompetentes em seu jurídico, não tem a grandeza de voltar atrás, retirar os convênios ou desistir da ação que lhe deu a liminar. E o povo continua pagando este circo.
É hora de darmos um basta nestes aprendizes de ditadores. A Câmara tem que fazer valer sua independência e instaurar já um processo de impedimento, pois ou a prefeita recobra o juízo e a decência (embora defendamos à exaustão o respeito ao voto popular), ou sairá pela porta dos fundos, como tantos outros. Por derradeiro, termino na musicalidade de Chico Buarque: “apesar de você, amanhã vai ser outro dia, você vai se dar mal”.
Luis Carlos Romazzini
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