quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Artigo - Angra pode ser aqui

Não sou adepto da Lei de Murphy, aquela em que tudo pode ficar pior do que está. Isto, apesar dos políticos que temos.
Diante das tragédias sempre anunciadas neste Brasilzão de meu Deus, o maior exemplo recente é a linda cidade de Angra dos Reis, mais propriamente a Ilha Grande, onde toneladas de terra soterraram não apenas vidas, mas sonhos, amores, numa das maiores tragédias, só não maior que a incúria de nossos governantes.

Pois, a cada tragédia, lágrimas, choros, sofrimentos e superações, quanto ao fato em si, mas nada de ação para evitá-los, nada de planejamento e nada de trabalho. Irresponsabilidades, espertezas, ladroagens mesmo, já começam no dia seguinte. Baixam os caixões e, tudo bem, as feridas das famílias parecem atormentar apenas aquelas almas, mas nada de mudança de mentalidade.

Em Guarujá, duas tragédias, dois deslizamentos, nos anos de 2005 e 2009, na mesma Vila Baiana. E nada até agora. Numa cidade cercada de morros, cuja Carta Geotécnica foi feita em finais da década de oitenta, mas nunca seguida, nem mesmo na confecção do Plano Diretor. Pior, há anos estão cavando uma verdadeira cratera no coração da Ilha, mais especificamente no Morro da Glória, onde espertalhões já ganharam milhões com a venda de aterro e nada. Nem Prefeitura, nem Ministério Público e não quero ser ave de mau agouro, mas qualquer dia destes podemos ser todos varridos para o oceano.

Em nossa vizinha cidade de Santos, na gestão David Capistrano e sob a liderança da competente geóloga Cassandra Maroni Nunes, estruturou–se a Regional de Morros, com dotação orçamentária própria, comando político e planejamento. Tudo feito para não se chorar os mortos, mas para preservar vidas. E nós aqui, com nossa mania de só copiar o que está errado. Guarujá, mais do que nunca, pelas milhares de almas nos morros, pode ser, embora não desejemos, a Angra dos Reis de amanhã. Não quero jamais ter a razão de um dia ter avisado, mas quero sim ter a convicção de que um dia nos preparamos para festejar vidas e não chorar as tragédias.

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